duas mulheres sentam-se à mesa.
uma delas, bem vestida e maquiada. aparenta ter uns quarenta anos. a outra, uma jovem adulta, dezoito ou dezenove, talvez.
parecem ser mãe e filha, e ao mesmo tempo, completas estranhas.
a mais velha tenta chamar a atenção da mais nova que se curva sobre o celular. pergunta se ela já tinha ido ali. a filha, sem levantar os olhos, responde que não.
a mãe puxa assunto sobre a faculdade. a menina acabou de passar no vestibular. direito, creio. não consigo ouvir em que lugar.
a jovem senhora diz, você vai estranhar, é tudo diferente lá. se você quiser pode levar de qualquer jeito, mas é bom que você se concentre desde o início. pessoas focadas se saem melhor.
imagino que não vivem na mesma casa. pais separados. a menina vive com o pai ou com outra mãe. melhor assim, deve pensar. vez ou outra a leva ao cinema, comem algo, trocam amenidades. apesar do esforço feito pela mãe pra manter a conversa, a tela do iphone parece mais interessante pra a menina.
ela, a mãe, percebe que eu observo e me dirige um olhar conformado que parece dizer, é tudo o que eu posso fazer. eu olho com compreensão, afinal, não é a primeira mulher que foi obrigada a brincar de boneca.

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