chove sobre a xícara de café com leite. penso que desse jeito vou ter uma indigestão. tenho sono. minhas pálpebras doem, mas não consigo dormir.
me espreguiço e meu corpo todo faz um ruído de telhas quebrando. quando eu era pequena pensava que deus era um gato no telhado gemendo inescrupulosamente e atormentando meu sono. quanto tempo sobrevive um corpo que não dorme?
uma mosca varejeira pousa na ponta do meu nariz. não me mexo. vesga a observo limpar as patas. olho bem no fundo dos seus múltiplos olhos prateados. me fascina a ignorância desses seres tão pequenos. em um instante, ela cai morta sobre a mesa. pego seu corpo com meus dedos em pinça e a engulo com o café.

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